O dólar encerrou a sessão desta quinta-feira (13) em baixa significativa no mercado interno, após quatro dias consecutivos de valorização que culminaram com o fechamento acima de R$ 5,40 na quarta-feira, marca não vista desde 4 de janeiro de 2023. De acordo com operadores, houve uma reversão de lucros e uma redução nos prêmios de risco acumulados nos últimos dias, influenciados pela percepção de enfraquecimento político do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, figura chave no novo arcabouço fiscal.
Durante a manhã, o dólar já apresentava leve queda, intensificando suas perdas no início da tarde com indícios de alinhamento entre Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, em torno de uma agenda de revisão dos gastos públicos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Genebra, na Suíça, elogiou Haddad como um “ministro extraordinário” e criticou as pressões contra ele. Lula destacou que, após a devolução da Medida Provisória do crédito do PIS/Cofins pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é responsabilidade do Senado e dos empresários encontrarem soluções para compensar as perdas de receita com a desoneração da folha de pagamentos. “Haddad tentou. Não aceitaram, agora encontrem uma solução”, afirmou Lula.
O dólar atingiu sua mínima de R$ 5,3633 durante a tarde e encerrou o dia com queda de 0,70%, cotado a R$ 5,3686. Apesar da queda de hoje, a moeda acumula alta de 0,82% na semana e 2,24% nos primeiros nove pregões de junho. No acumulado do ano, o dólar ainda registra uma valorização de 10,62% em relação ao real.
Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank, avaliou que houve um movimento pontual de alívio tanto no câmbio quanto nos juros futuros nesta quinta-feira, após dias de grande volatilidade devido aos rumores sobre o enfraquecimento de Haddad e às tensões entre o governo e o Congresso após a devolução da MP do PIS/Cofins. Ele destacou que Haddad e Tebet reafirmaram o compromisso com a agenda de revisão dos gastos públicos, o que contribuiu para a estabilização do dólar após um período de volatilidade. Entretanto, Garcia ressaltou que um movimento sustentado de valorização do real depende de medidas concretas de controle de despesas.
Haddad enfatizou que as equipes ministeriais estão intensificando os trabalhos para apresentar um orçamento de 2025 bem estruturado, visando transmitir tranquilidade quanto ao cenário fiscal. Tebet complementou afirmando que o ajuste através das receitas está chegando ao limite, enquanto há ampla margem para a revisão das despesas. Ambos concordaram que ainda não apresentaram suas propostas ao presidente Lula.
Além disso, a queda das taxas dos Treasuries nos Estados Unidos, em resposta à deflação nos preços ao produtor, e a recuperação do peso mexicano, principal par do real, também contribuíram para o desempenho positivo do real brasileiro nesta quinta-feira. Operadores destacaram que a recente volatilidade no peso mexicano afetou outras moedas latino-americanas, incluindo o real.
No campo das ações, o Ibovespa também fechou em baixa, com queda de 0,31% aos 119.568 pontos, renovando sua mínima do ano. Em contrapartida, em Wall Street, o índice Dow Jones terminou com queda de 0,17%, aos 38.647,10 pontos, enquanto o S&P 500 subiu 0,23%, alcançando 5.433,74 pontos.