Sem uma fiscalização eficiente do Ibama, a área de degradação ambiental na floresta amazônica aumentou 17 vezes nos primeiros quatro meses deste ano, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), comparado ao mesmo período de 2023. Paralelamente, devido à paralisação parcial, houve um aumento de 81% nos incêndios, registrando mais de 17 mil focos, um recorde em 26 anos de monitoramento. Essas atividades não foram multadas, resultando em perdas bilionárias de faturamento, investimentos não realizados e significativa redução na arrecadação de tributos e royalties. Além disso, comprometem a imagem internacional do país, que busca liderar a agenda global de combate às mudanças climáticas.
Mais de mil fiscais e chefes do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) entregaram seus cargos em protesto pela falta de reestruturação de carreiras. Atualmente, existem mais de 4 mil vagas não preenchidas, com 25% dos aprovados no último concurso abandonando seus postos de trabalho devido a baixos salários.
Os servidores ambientais já se reuniram várias vezes com a Ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, mas ainda não chegaram a um acordo. O governo propôs discutir um reajuste salarial, porém os funcionários públicos também exigem um plano de carreira e criticam a falta de atenção à sua situação. A paralisação total está marcada para o dia 24 de junho. Se em quatro meses a “operação tartaruga” já causou grandes impactos ambientais e econômicos ao país, imagine se até lá nenhum acordo for alcançado e a greve for confirmada?
A direção nacional dos órgãos ambientais reconheceu publicamente a importância dos servidores ambientais e a urgente necessidade de reestruturação e valorização da carreira. Não adianta elaborar planos de combate às mudanças climáticas se não houver eficácia na aplicação da lei. Instituições ambientais verdadeiramente estruturadas e fortalecidas são fundamentais para o sucesso das políticas públicas no país.